sábado, outubro 3

Publicado em: 18/09/2008  

Há muito venho falando de RP 2.0, como os profissionais de relações públicas devem se preparar para as mudanças que a Web está trazendo ao mercado e o quanto temos um papel complementar à publicidade e ao marketing. Quero compartilhar aqui uma entrevista que o Richard Edelman deu ao D S Simon Vlog Views. No vídeo, ele define relações públicas como “stakeholder connections”, ou seja, nossa principal função é ajudar empresas a construir relacionamentos sólidos com todos os seus públicos: investidores, imprensa, ONGs, funcionários, blogueiros, consumidores, parceiros e fornecedores, entre outros.

Infelizmente, o mercado não conhece RP e na maioria das vezes somos vistos apenas como assessores de imprensa. Essa falta de conhecimento limita a nossa presença na Internet. Se o cliente não sabe o que a gente faz ou pode fazer, ele não exerga que todas essas relações devem ser cuidadas e gerenciadas também online. A Web é para as corporações uma arena de ações promocionais, virais e blogs — só. Por outro lado, também existe muita falta de conhecimento dos profissionais de RP sobre Web, como e onde atuar online. E isso faz com que seja ainda mais complicado ganhar espaço.

Recentemente o amigo Eduardo Vasques escreveu um post bastante interessante, no qual ele chama RP 2.0 de “mais um termo bonitinho” e “que nada mais é do que cuidar da imagem de uma empresa ou pessoa nas mídias e redes sociais”. Ele ainda diz que boa parte das empresas de RP está seguindo as agências de publicidade, criando núcleos digitais para “impressionar clientes” que, lá no fundo, não estão nem aí para a Web. Segundo Eduardo, todos correm para ganhar dinheiro sem que os profissionais e o mercado estejam realmente preparados para as ferramentas. Tem muita gente errando e se colocando em verdadeiros “barcos furados”.

De fato, o “hype” é maior do que as reais oportunidades, principalmente para o mercado de RP. Discordo do Edu quando ele diz que as empresas não estão arriscando. Algumas estão, sim, mas não é aos “assessores de imprensa” que recorrem quando pensam em Web. Errar é fato, uma vez que a Internet é um organismo vivo e estamos num constante “teste beta” de tudo o que fazemos. Alguns erros podem ser evitados? Sem dúvida. 
 
O principal engano das agências de RP é querer vender os mesmos serviços do resto do mercado, sendo que existem áreas que podemos e devemos explorar muito melhor. Aliás, comunicação de nicho é exatamente o que RP sabe fazer. É fácil? Não. Os resultados são mais lentos? Muito. Dá para colocar qualquer um pra fazer? Jamais. Transparência é importante? É essencial. As regras mudam quando falamos em relacionamento e não campanha? Completamente. Existe um único caminho a seguir? Não.

Por isso, no lugar de “convencer” as empresas de que elas precisam investir na Web, as agências de RP deveriam investir na educação dos executivos (tô ficando uma pessoa bem repetitiva). Não para falar os mesmos conceitos de Web 2.0 que todo mundo já ouviu. Mas para posicionar RP como um serviço crucial, principalmente num meio como a Internet, onde todo cuidado é pouco e tudo pode acontecer numa velocidade surreal. Quando a crise estoura, é a gente que está lá para socorrer. Que tal se nós fôssemos consultores desde o começo de todas as ações online dos nossos clientes?

Aprimorar o discurso, divulgar melhores práticas, trabalhar para um melhor posicionamento de mercado e treinar seus profissionais. Isso é o que as agências de RP deveriam fazer. Sair do “hype”. Estamos começando a caminhar na Internet. É sempre melhor dar um passo por vez.

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